Tenho sentido falta de tanta coisa... sinto falta de poder viver sem
pensar no amanhã, sinto falta de encontrar amigos todos os dias de manhã na
escola, sinto falta de quando as pessoas não cobravam tanto de mim. Sinto falta
da inocencia de criança, falta de correr na rua e viver com o joelho arranhado,
joelhos esses que hoje só guardam cicatrizes de momentos bons. Sinto falta de
pessoas com quem eu nem convivi, alias, é estranho esse sentimento de criar
lembranças que não existem, mas que eu queria que tivessem existido.
Eu queria poder viver por um dia o meu passado. Queria correr e rir de
coisas simples, sem precisar me preocupar se tem alguém olhando e julgando se
eu estou bonita hoje. Agora eu sinto na pele tudo que, quando criança, adultos
me diziam: Quando agente cresce fica
querendo voltar a ser criança. Eu pensava: que bobagem, eu não vou querer voltar a ser criança. Eu imaginava
que adultos faziam tudo o que queriam. Que ninguem mandava em nada e que não
precisavam seguir regras. Tolisse a minha. Tudo piora quando agente cresce. As
cobranças são muito mais sérias, quando agente erra tem que assumir o erro e
sofrer as consequencias, não adianta chorar e correr pro colo da mamãe que tudo
vai ficar bem.
Pois é, meus amigos. Hoje eu olho pras crianças ao meu redor e noto que
a infancia está cada vez mais rara. Eu queria olhar nos olhos de cada uma delas
e dizer: seja criança, seja feliz,
corra, brinque, faça cada vez mais amigos, não tenha medo de nada, VIVA! Mas
elas provavelmente não iriam entender e ignorar.
Eu sinto falta dos meus amigos. Sinto falta de conversas sinceras, sinto
falta de sentar numa mesa rodeada de pessoas diferentes e me sentir igual. Me
sentir Eu. Tenho vivido num mundo de faixadas. Onde as pessoas valorizam muito
mais o que você tem do que o que você é. Confesso que tenho pensado muito mais
em mim. Tenho aprendido muitas coisas, é verdade. Mas, eu me pergunto “ Crescer
é isso?”, “Crescer é deixar de ser quem você é para se tornar o que as pessoas
esperam de você?”, porque, se for isso, eu prefiro continuar sendo criança.
Thamiris Tiburtino
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