terça-feira, 25 de setembro de 2012

Notas de Rodapé



Tenho sentido falta de tanta coisa... sinto falta de poder viver sem pensar no amanhã, sinto falta de encontrar amigos todos os dias de manhã na escola, sinto falta de quando as pessoas não cobravam tanto de mim. Sinto falta da inocencia de criança, falta de correr na rua e viver com o joelho arranhado, joelhos esses que hoje só guardam cicatrizes de momentos bons. Sinto falta de pessoas com quem eu nem convivi, alias, é estranho esse sentimento de criar lembranças que não existem, mas que eu queria que tivessem existido.

Eu queria poder viver por um dia o meu passado. Queria correr e rir de coisas simples, sem precisar me preocupar se tem alguém olhando e julgando se eu estou bonita hoje. Agora eu sinto na pele tudo que, quando criança, adultos me diziam: Quando agente cresce fica querendo voltar a ser criança. Eu pensava: que bobagem, eu não vou querer voltar a ser criança. Eu imaginava que adultos faziam tudo o que queriam. Que ninguem mandava em nada e que não precisavam seguir regras. Tolisse a minha. Tudo piora quando agente cresce. As cobranças são muito mais sérias, quando agente erra tem que assumir o erro e sofrer as consequencias, não adianta chorar e correr pro colo da mamãe que tudo vai ficar bem.

Pois é, meus amigos. Hoje eu olho pras crianças ao meu redor e noto que a infancia está cada vez mais rara. Eu queria olhar nos olhos de cada uma delas e dizer: seja criança, seja feliz, corra, brinque, faça cada vez mais amigos, não tenha medo de nada, VIVA! Mas elas provavelmente não iriam entender e ignorar.

Eu sinto falta dos meus amigos. Sinto falta de conversas sinceras, sinto falta de sentar numa mesa rodeada de pessoas diferentes e me sentir igual. Me sentir Eu. Tenho vivido num mundo de faixadas. Onde as pessoas valorizam muito mais o que você tem do que o que você é. Confesso que tenho pensado muito mais em mim. Tenho aprendido muitas coisas, é verdade. Mas, eu me pergunto “ Crescer é isso?”, “Crescer é deixar de ser quem você é para se tornar o que as pessoas esperam de você?”, porque, se for isso, eu prefiro continuar sendo criança.

Thamiris Tiburtino

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